terça-feira, 19 de abril de 2011

Depressão Pós Parto e tristeza materna



"Ao bebê cabe entrar na vida, à mãe, sair da gravidez".
Myrian Szejer

A Depressão Pós Parto (DPP) é um quadro clínico severo e agudo que requer acompanhamento psicológico e psiquiátrico, pois devido a gravidade dos sintomas há que se considerar o uso de medicação. Acomete até 15% das mulheres, podendo começar na primeira semana após o parto e perdurar até dois anos.
Existem alguns fatores de risco que vêem sendo estudados e demonstram uma alta correlação com a DPP. Entre eles temos: mulheres que sofrem de TPM, mulheres com sintomas depressivos durante a gestação, com histórico de transtornos afetivos, com dificuldades na gestação, submetidas a cesárea (no Brasil na rede privada chega a 80% dos casos, enquanto a OMS recomenda não passar de 15%), primigestas, carência social.
A puérpera se beneficia de grupos terapêuticos onde se pode partilhar o sofrimento junto a outras mulheres em igual situação e sob orientação de um profissional, também pode ser recomendado atendimento psicológico individual. O que distingue a DPP da Tristeza Materna (baby blues, postpartum blues) é a gravidade do quadro e o que ele tem de incapacitante afetando a funcionalidade da mãe e pondo em risco seu bem estar e do bebê. Aparecem sintomas como irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição, doenças psicossomáticas, tristeza profunda, desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e desinteresse por ele, chegando ao extremo de pensamento suicidas e homicidas em relação ao bebê. O diagnóstico precoce é fundamental e para isso é necessário um acompanhamento em todo ciclo gravídico puerperal, sendo a melhor forma de evitar, atenuar ou reduzir a duração da DPP. Grupos de gestante têm caráter psicoprofilático e, portanto, ajudam no diagnóstico e tratamento precoce.
Existe um tabu em relação ao tema gestação e depressão, como se a mulher devesse estar radiante pelo nascimento de seu filho e ela fosse culpada de uma espécie de "ingratidão". Algumas mulheres não conseguem admitir para si mesmas que merecem ajuda, escondendo dos cônjuges e da família seu estado. Além da evidente necessidade de cuidados da mulher, acima citados, a DPP é fator de risco para a saúde mental do bebê e, portanto, requer toda a nossa atenção.
A Tristeza Materna (baby blues), por sua vez, acomete até 80% das mulheres, mas devido ao tabu mencionado pode se imaginar um índice até maior. É um estado de humor depressivo que costuma acontecer a partir da primeira semana depois do parto. É benigno pois regride por si só por volta do 1 mês.

Aparecem sintomas como irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição, tristeza, insegurança, baixa auto-estima, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e outros. Apesar de ser comum e normal envolve uma quantidade razoável de sofrimento que pode ser atenuado no compartilhar com outras pessoas que entendam esta condição como natural é até benéfica. Benéfica como? Existe um estado denominado de Preocupação Materna Primária[1] que se refere a um período que vai do fim da gestação até por volta do primeiro mês do bebê , onde a mulher teria um hipersensibilidade às necessidades do bebê. Este estado tão necessário, se fosse vivido fora da maternidade seria considerado esquizóide e no entanto é fundamental para a vinculação com o bebê. Faz parte deste estado uma certa dose de humor depressivo. A tarefa de uma mãe de bebê é monótona, desgastante e sem recompensas ou reconhecimento do bebê a curto prazo. O bebê é impiedoso em suas necessidades e é difícil que a mãe possa atender-lhe se estiver num de agitação, maníaco, por exemplo. Para ser capaz de se adaptar a rotina de um bebê, de se adaptar à linguagem do recém nascido a mãe tem que baixar muito suas expectativas com relação à sua própria privacidade e à volta à agitação do mundo externo. Essa tarefa não encontra similar ao longo da vida de uma mulher e se inicia subitamente. A perda do status de gestante é muito rápida e dolorosa. Reconhecer o bebê como uma pessoa e não como a imagem idealizada (que precisa ser construída na gestação como formas de desejar o bebê) mas como aquela pessoa, fulano de tal é como lidar com um casamento arranjado. Mesmo que tenhamos as melhores indicações do noivo ainda assim não o conhecemos ainda e, no entanto, ficaremos a seu inteiro dispor. Como não deprimir?
O que as pessoas próximas podem fazer? Primeiro, a família pode ajudar sendo compreensiva e apoiando a mãe neste momento único, sem cobrar atitudes idealizadas pela mídia, ou seja, sem esperar que a puérpera tenha reações inapropriadas para a sua tarefa. O que se faz necessário é dar todo apoio e compreensão para que a mãe recém nascida saiba que não há nada de errado com ela. Ser aceita em sua natureza de mãe ajuda muito a diminuir o mal estar, encurtando o baby blues drasticamente. Para isso é importante que as pessoas que lidam com a mãe recebam esclarecimento sobre a natureza deste estado. Afinal, onde se perdeu a sabedoria há que se buscar informação. Segundo, como profissionais devemos estar cientes das diferenças entre DPP e Tristeza Materna e conhecer os fatores de riscos que aumentam a probabilidade de uma DPP (facilitando a observação da evolução de humor da gestante) para podermos intervir precocemente, o que melhora muito o prognóstico. Precisamos estar atentos às mães que vêem no parto uma coisa em si com o pequeno inconveniente de ter que criar o filho depois. Ás vezes, é só a partir da primeira semana que essas mães começam a ser dar conta de que um "outro" chegou em suas vidas. Por outro lado, algumas mães que não deprimem podem não ter percebido o "outro" e continuar estabelecendo uma relação totalmente narcísica com seus bebês. Esses bebês tendem a se fazerem ouvir por meio de sintomas psicossomáticos iniciando um ciclo de adoecimentos.
Outras mulheres podem encontrar uma medida excelente entre todas estas variáveis - hormônios, ambiente, fim da gestação, amamentação, cobranças, medos etc - , ou por já terem outros filhos e não passam pela Tristeza Materna.

Vera Iaconelli
Fonte:  http://www.amamentacao.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=632

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Novidades no Calendário de Vacinação 2011

O calendário nacional de vacinação para 2011, do Ministério da Saúde, teve mudanças.

1. A vacinação contra a poliomielite, que protege contra a paralisia infantil, passa a ser feita uma única vez por ano (e não mais em duas etapas), já que a doença se encontra erradicada no Brasil.

2. A primeira campanha do ano será contra gripe, que passa a proteger contra gripe sazonal (unfluenza comum) e também contra a H1N1 (influenza A).

Vacina                         Quando                                  Para quem                

      Gripe                                                       Gestantes, crianças com          
(Influenza comum      de 25 de abril                 mais de 6 meses e menos de   
e gripe H1N1)          a 24 de maio                  2 anos, pessoas com mais de 
                                                                      60 anos, trabalhadores da       
                                                                      área de saúde e pacientes      
                                                                      do Centro de Referência de   
                                                                       Imunobiológicos Especiais     

Poliomielite              6 de agosto                        Crianças de até 5 anos         

Triplice Viral                                                          Crianças de 1 ano            
(sarampo, rubéola    6 de agosto                                 até 4 anos e                 
e caxumba)                                                            11 meses e 29 dias           

Fonte: Ministério da Saúde